Gosto de literatura e fotografia. Então, mantenho dois blogs: "LUGARES" - dedicado à fotografia com relatos de viagens, experiências, informações e dicas aos marinheiros que se aventuram em "mares nunca dantes navegados" e "NOTAS DO SUBSOLO" , um caderno virtual dedicado à literatura. Espero que gostem.



21 de jun. de 2010

TURQUIA DIA 6 - PAMUKKALE/KONYA/CAPADÓCIA - 26 DE VIAGEM

Hoje para mim é um dia especial, ou mais especial ainda. No roteiro previsto, em Konya, uma visita ao Mosteiro dos Derviches, fundado por Mevlana. Sempre tive muita curiosidade sobre sua filosofia e religião e vou procurar conhecer ainda mais um pouco sobre sua cerimônia, a qual já tive oprtunidade de assistir há alguns anos no Egito.


KONYA

     Foi fundada em II a.c. . e possui atualmente 2 milhões de habitantes, sendo a segunda maior cidade da Anatólia Central, depois de Ankara.
     Nela se encpontra o museu de MEVLANA, situado perto da mesquita. Este museu é o "Tekke" de Mevlana, antigo convento dos Derviches fundado por Mevlana Celalettin Rumi, poeta místico. Abriga seu túmulo e do seu filho, o sultão Veled. Contém objetos utilizados nas cerimônias, como instrumentos músicais, tapestes e vestimentas usadas.



DERVICHES

     A palavra vem do persa e/ou árabe "daruish", e significaria 'monge maometano', o que por ampliação de sentido poderia levar ao sentido de um mendicante. Existem diversas grafias possíveis para "dervixe", sendo as mais comuns e com registros em dicionários, além de dervixe, "dervis" e "dervishe". Há ainda os termos "daruês" ou mesmo abdal, que é um nome genérico dado aos religiosos persas que correspondente ao de dervixe na Turquia e ao de monge entre os cristãos. Seria também o nome dado aos sacerdotes tártaros.(fonte wikipédia)


Cerimônia dos Derviches

Como não queria nada turístico consegui permissão de assistir a uma cerimônia autêntica. Achei emocionante, vou ver se posto o vídeo que fiz com uma câmara escondida já que é proibido fotografar, mas antes, um pouco do que significa esta cerimônia, num texto muito legal escrito por um site denominado
Vagalume Records

A condição fundamental de nossa existência é revolucionar.


     Ao longo dos anos, a humanidade tem usado o transe na dança como um meio de conexão com o divino.
     Pode-se definir o estado de “transe” (ou “trance”) como aquele no qual a pessoa libera o ego através de movimentos rítmicos e do som, para transcender a estados mais elevados de consciência, chegando a sacações incríveis, altos insights, cura xamânica e/ou contato com o espírito universal, dependendo de sua cultura e tradições.
     O que há de comum entre os djembes das tribos africanas, druidas europeus, xamãs do mundo inteiro, índios americanos ou amazônicos, e os terreiros da cultura afro-brasileira, como o candomblé, e as atuais festas de trance eletrônica, é o ritmo, a dança, o trance...
     A Vagalume Records vai lançar uma série de artigos sobre as diversas manifestações do Trance, e no primeiro vamos tratar dos Sufi e a dança dos derviches do Oriente Médio.
     Esta é uma seita Muslim, cuja principal prática meditacional é uma espécie de dança em rodopio. Foi fundada há uns 700 anos no então império otomano, hoje a Turquia. Sua doutrina se baseia nos ensinamentos de Rumi, um poeta místico famoso que atingiu a iluminação, e que viveu entre os anos 1207 a 1273. Rumi nasceu no Afeganistão mas viveu na Turquia.
     Um dia ele estava passando na área de joalharia de Konya (Turquia) quando ouviu uma linda música ao som do gongo e entrou em harmonia com ela. Então começou uma dança de êxtase, de entrega, mas centrado, com grande disciplina.               
     Chegou até um lugar onde o ego se dissolveu e ele pôde entrar em sintonia com o divino. Desse dia em diante, Rumi recebeu a iluminação simplesmente por ter entrado em puro transe. Daí porque os derviches são chamados assim, significando “portal”...
     O misticismo islâmico busca o contato divino pela sintonia do ser.
     Várias seitas de derviches sufistas têm se caracterizado pela mente aberta, pela visão, exuberância e habilidades artísticas, principalmente a música e a poesia.   
      Sua tendência a deixar a doutrina e outras formas de culto em segundo plano tem provocado conflitos entre as seitas mais ortodoxas. A ênfase na dança dos Mevlevis e a desobediência às proibições ao uso de substâncias tóxicas pelos Bektasis são questões fortemente condenadas pelo governo da Turquia. 
  Especialistas na jurisprudência têm condenado sistematicamente as seitas baseando-se no preceito de que a dança degrada a religião.
     No começo do século XVI, Ibn Kemal escreveu um tratado afirmando que a música e os movimentos circulares conhecidos como “devran” eram pecados.
     O ritual derviche é um ato de amor e um drama de fé. Ela tem uma forma altamente estruturada passando de movimentos leves que vão aumentando dinamicamente até que a pessoa atinja o estado de transe. A música que acompanha os rodopios desde o começo até o fim vai desde um tom sombrio até sons mais vibrantes – e o efeito é quase hipnótico.
     O cântico de poesias, a rotação rítmica e a música contínua criam uma síntese que, de acordo com a fé, induz uma sensação de felicidade, êxtase, uma espécie de vôo místico.
      O derviche usa um chapéu de pele de camelo representando uma lápide, e uma camisa branca larga simbolizando uma mortalha – quando tira o casaco preto, ele nasce espiritualmente para a Verdade.
     Os derviches permanecem de pé com os braços cruzados, postura que significa o número 1, testemunhando a unidade de Deus. A cada “pirueta” passam em frente ao sheik, que se veste com pele de carneiro pintada de vermelho. Este é o lugar de Mevlana Celaleddin-i Rumi, e eles sabem que o sheik é um canal para a graça divina.
     Ao começar a série de quatro movimentos da cerimônia, os derviches se curvam um para o outro homenageando a presença do espírito em cada um. Quando descruzam os braços, abrem a mão direita para o céu, em oração, prontos para receber as graças divinas. A mão esquerda, na qual eles fixam o olhar, é voltada para a terra para deixar fluir a bênção divina.
     Com os pés firmes no chão, fazem sua ligação com a terra através da qual a bênção divina pode fluir. Virando-se da direita para a esquerda, ele abarca toda a criação enquanto entoa o nome de Deus no coração.
     Dançando em volta do próprio eixo (eixo físico e o do centro do próprio Self, do universo, de seu coração), ele chega ao “olho do furacão”, local sossegado em meio à tormenta e aí relembra o Divino Ser que vive em seu interior.
     Uma das belezas desse ritual de 700 anos é o modo como ele unifica os três componentes da natureza humana: mente, emoção e espírito, juntando-os numa prática e um culto que buscam a purificação dos 3 elementos em busca da Divindade.         
     Mas o mais importante é o significado benéfico para a terra e o bem-estar da humanidade como um todo.


mesquita em Konya
Turbante no túmulo de Mervlana

Museu em Konyia
Na estrada do templo, placas interessantes alertava para gatos

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